domingo, 16 de outubro de 2016

Páginas do livro de Elischa Dewes, " O Gato Ludovico". 


O SAPO ÁTILA



De Porto Alegre, a mudança,
Para o Rio de Janeiro,
Foi comboio de esperança
Que trouxe meu mundo inteiro!

Até Átila, o sapão,
Pulou dentro duma caixa,
Levado pro caminhão,
Quase que a mudança abaixa!

A caixa era furadinha
Pra que o ar pudesse entrar
E ele dar u'a espiadinha
Onde o estavam a levar!

E assim o sapo viajou
Acomodado, contente
E logo que aqui chegou
Saltou no colo da gente!

-'Não quis comer uma mosca!
Disse o homem da mudança-
E a viagem foi bem tosca
Quase perdi a esperança!

Derramei-lhe água nas costas
Com um copo de papel,
Parecia aquelas postas
De bisteca ou de pastel!'

-Que bom que ele chegou bem!
Disse eu ao carreteiro,
Seu carinho pelo sapo
Fez-me grata o tempo inteiro!

Soltei o meu sapo querido
Que do calor se escondeu,
Passou um tempo encolhido
Mas, com fome, apareceu!

Noite, hora do jantar,
Se ouviu na porta batidas,
Nada havia no lugar,
Não se avistou viva vida!

Mas lá na porta, ao sopapo,
Tentando aos pulos entrar
Estava Átila, o sapo,
Seu nariz a amassar!

Pulava e batia no vidro
Que atravessar não podia,
E 'que mistério era esse'?
O pobre não entendia!

Abrimos, ele entrou,
Ração de gato lhe dei,
Acreditem que gostou?
Olhem só o que criei!

Daí, toda noite vinha
Na porta de vidro bater,
E aos saltos ele batia
Fazendo o nariz sofrer!

Mas nem ligava, sabia
Que alguém viria atender
E que alimento haveria
Pra seu barrigão encher!

Essa é a história do arteiro
Gorducho que vive assim:
Dormindo o dia inteiro
Nalgum canto do jardim!

E para que você creia
E acreditará, aposto,
Mesmo de aparência feia
Sapo é o bicho que mais gosto!


Elischa Dewes







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