domingo, 16 de outubro de 2016



O REENCONTRO



O Reencontro

  


            Tenho grande admiração por animais e como não  posso ter tigres, crio gatos.  E eles são grandes geradores de histórias!  Veja se não é de ficar pasmo com esta!
          Outro dia, voltando de uma cidade vizinha,  parei à espera de uma brecha no trânsito, num trevo da Rio -Santos, R J.
         Aproveitei pra baixar o vidro do carro,  já estava perto de casa. Imediatamente ouvi um miado forte vindo de algum lugar. Botei a cabeça pra fora e não vi gato algum! e o miado continuava de-ses-pe-ra-do!
          Que fiz? Sai do carro olhei embaixo do meu e dos outros, nada! então vi um tonél azul do outro lado da BR, corri entre os carros e lá estava um pequeno gato gritando pra que alguém o tirasse dali.
           Tirei, voltei entre dezenas de buzinas furiosas, afinal  estava atrapalhando o trânsito. O coloquei numa bolsa no banco de trás e dei partida!
           Alguns quilômetros depois,  já no centro,  fui até a veterinária que cuida dos meus 'felinos'.
           Dra. Adriana, grávida de oito meses, loirinha, rabo de cavalo e sempre risonha, botou o olho no gato e disse pra Taty, sua secretária:
          - Nossa, Taty! olha quem voltou! o fofucho de ontem!
          Taty o segurou com suas mãos roliças e repetiu:
          - É mesmo! o fofo que foi doado ontem!
Eu olhava uma e outra sem entender até  Adriana me perguntar:
          - Onde o encontrou?
          - No fundo dum tonel azul lá no trevo da Rio-Santos.
Mas como sabem que é o mesmo gato?
            Adriana pôs a mão na boca e começou a rir.
           - Isso é inacreditável!  Ontem uma senhora trouxe quatro gatinhos pra adoção. Esse aí, por ser o mais fofo saiu logo!  dois foram doados hoje de manhã e só sobrou aquela ali! - E apontou para um gaiola no canto da sala.- Quer ver como é o mesmo?
            Colocou ele no tapete e soltou a amarelinha com olhos cor de mel que correu direto para o lado do irmão! logo começaram a pular um no outro na maior felicidade!
             Sentamos no tapete e como crianças ficamos olhando aquilo, pasmas, enquanto nos demonstravam toda a alegria do seu reencontro!
           - Vai ficar com ele, não é ?   já está vacinado!
           - Ah! Com 'eles' você quer dizer! prepara uma caixa que já levo!
           Bem, vieram comigo e são os novos bebês Bolinha e Sissi! brincam o tempo todo daquele modo que só gatinhos sabem fazer!
           Isso foi há algumas semanas, mas ainda estou pasma e emocionada com esse reencontro inusitado!
           Sem falar que ainda não esqueci as expressões furiosas dos motoristas lá no trevo da BR!
            É! eles também dificilmente esquecerão essa história!




                                                                                                                      


Por Elischa Dewes
***















Mais um texto do livro

"O gato Ludovico" de Elischa Dewes

O Avestruz brincalhão
verídico-

Certa noite um grande amigo
Trouxe-nos um presente,
Era um filhote, lhe digo,
Com ferimento recente.

Encontrou-o na estrada
Bem ao sul de Vera Cruz,
Com sua perna quebrada,
Um filhote de avestruz.

O chamamos de Emílio,
Era magro e muito feio,
Mas precisava de auxílio
E encontrou em nosso meio.

Logo fez-se curativo
Fechou-se o ferimento,
E Emílio, muito vivo,
Piou pedindo alimento!


Breve sarou e cresceu
Tanto em tão pouco tempo
Que nem trabalho nos deu,
Até servia de exemplo.

Para que recuperasse
Das pernas, o movimento,
Era bom que ele fizesse
Na piscina, treinamento.

Iniciou sua natação,
A nadar e mergulhar
E da piscina, depois de são,
Decidiu não se afastar!

Logo estava medindo
Dois metros, ou mais isso,
E, de casa se sentindo,
Em objetos dava sumiço.

Numa varanda, dormia
Entre plantas, afastada,
E era grande sua alegria
Ver a 'tralha' acumulada.

Das árvores, ele colhia,
Ramos novos bem recentes
E com eles construía
Enorme ninho, entrementes.


Também recolhia as roupas
Coloridas, do varal,
E assim ele ia deixando
Sua casa "bem legal!"

Se sumia um chapeuzinho
Ou o tênis da janela,
Era só procurar no ninho
Do nosso amigo magrela.

De baratas, à espreita,
Andava antes de dormir
E acordava satisfeito
Pronto pra se divertir!

Era só no que pensava,
E em nossa hora de café,
As arrumações espiava
Atrás da parede, em pé.

Quando a mesa estava posta
E o café tinha o começo,
Dava um puxão na toalha
Virando tudo do avesso!

Mas que começo de dia!
Era nossa exclamação!
E logo Emílio fugia
Com a toalha no bicão!


E nela ele tropeçava
Caindo aos trambolhões!
Fazendo-nos esquecer
Todas as reclamações!

Pois era muito engraçado
Vê-lo de pernas pro ar,
Da toalha, toda em tiras,
Tentando desvencilhar!

Assim passavam os dias
Com Emílio, o brincalhão,
Que à noite, continuava
Na piscina a animação!


Textos do livro "O Gato Ludovico"
De Elischa Dewes

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Leia "O pequeno soneto para um grande Amor"

http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/5789453
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Páginas do livro de Elischa Dewes, " O Gato Ludovico". 


O SAPO ÁTILA



De Porto Alegre, a mudança,
Para o Rio de Janeiro,
Foi comboio de esperança
Que trouxe meu mundo inteiro!

Até Átila, o sapão,
Pulou dentro duma caixa,
Levado pro caminhão,
Quase que a mudança abaixa!

A caixa era furadinha
Pra que o ar pudesse entrar
E ele dar u'a espiadinha
Onde o estavam a levar!

E assim o sapo viajou
Acomodado, contente
E logo que aqui chegou
Saltou no colo da gente!

-'Não quis comer uma mosca!
Disse o homem da mudança-
E a viagem foi bem tosca
Quase perdi a esperança!

Derramei-lhe água nas costas
Com um copo de papel,
Parecia aquelas postas
De bisteca ou de pastel!'

-Que bom que ele chegou bem!
Disse eu ao carreteiro,
Seu carinho pelo sapo
Fez-me grata o tempo inteiro!

Soltei o meu sapo querido
Que do calor se escondeu,
Passou um tempo encolhido
Mas, com fome, apareceu!

Noite, hora do jantar,
Se ouviu na porta batidas,
Nada havia no lugar,
Não se avistou viva vida!

Mas lá na porta, ao sopapo,
Tentando aos pulos entrar
Estava Átila, o sapo,
Seu nariz a amassar!

Pulava e batia no vidro
Que atravessar não podia,
E 'que mistério era esse'?
O pobre não entendia!

Abrimos, ele entrou,
Ração de gato lhe dei,
Acreditem que gostou?
Olhem só o que criei!

Daí, toda noite vinha
Na porta de vidro bater,
E aos saltos ele batia
Fazendo o nariz sofrer!

Mas nem ligava, sabia
Que alguém viria atender
E que alimento haveria
Pra seu barrigão encher!

Essa é a história do arteiro
Gorducho que vive assim:
Dormindo o dia inteiro
Nalgum canto do jardim!

E para que você creia
E acreditará, aposto,
Mesmo de aparência feia
Sapo é o bicho que mais gosto!


Elischa Dewes








O Morcego Feliz
O gato trouxe, inda agora,
Um morceguinho na boca
E ouvi, piando lá fora,
Sua mamãe quase louca!

O pobre do filhotinho
Nem sabia ainda voar...
O coloquei num cantinho
Para de noite o soltar.

Mamãe morcego ficou
O tempo todo a chamar;
Nos ramos do Ipê sentou
Muito triste a reclamar...

Acendi, então a luz
E num galho o coloquei,
Ela piou bem mansinho
Feliz com a chance que dei!

Agora, se estou na varanda
Ouvindo o mar, descansando,
Mal chega o por do Sol
Que ambos passam voando!

Morcegos tecendo enleios!
Que bicho feio, tu dizes;
Dão inveja, mesmo feios,
Do quanto eles são felizes!

Eles são inofensivos
E tem o pelo brilhante!
Arteiros e muito ativos
São companhia constante!

Se tem música no ar
Voam em frente a janela!
Se as cortinas não fechar
Com certeza entram por ela!

Você já ouviu falar
Em morcego guardião?
Pois então venha à noite
Bater palmas no portão!

Da árvore eles descem
Em enorme revoada
Fazendo a incauta visita
Debandar em disparada!

Parece até combinado
Entre o morcego e o 'patrão':
Um dorme e outro é cuidado
Sem qualquer perturbação!

Perto dos bichos, viver,
Dá histórias de montão!
Os seus também devem ter
É só prestar atenção!

Texto do "Livro O gato Ludovico" 
de Elischa Dewes

terça-feira, 25 de setembro de 2012

_Gata branca_____




Gata branca, da janela,
És visão de pura paz!
Nas rendas da bambinela,
És o encanto que me apraz!

E essas fitas, da arruela,
Que tua cauda leva e traz...
Gata branca, da janela,
És visão de pura paz!

Veja as frutas da gamela,
Sentem tal inveja, assaz,
Deste tom, que na aquarela,
Todos outros tons desfaz,
Gata branca da janela...!




Elischa Dewes__________


Gambá de estimação II
Verídica




De Vitor, estão lembrados?
Aquele pequeno gambá?
Depois de tempos passados
Por aqui ele ainda está!

Cresceu forte e o seu pelo,
Foi mudando, escureceu.
E ele o trata com zelo,
É pretinho como breu!

Algumas listas mais claras
O fazem charmoso, lindo!
Suas fugidas são raras
E passa os dias dormindo.

Tempos atrás, à tardinha,
Trouxe um amiga pro lanche.
Mas comeu tudo sozinha
E não teve outra chance,

O rapaz ficou furioso
E correu com a pobre daqui.
Ficou bravo, mui sestroso
Resmungando por aí.

Bastou dar-lhe uma banana
Que aos poucos foi-se acalmando.
Logo coçou a barriga
E em seu canto foi sentando.

Música alta o irrita,
Se encolhe e cobre a orelha.
Geme baixinho, faz 'fita'
Zumbindo igual uma abelha.

Nas noites frias se enrola
Na poltrona junto aos gatos,
Ou entra numa sacola
Que já lhe assumiu o formato.

Mais notícias lhes trarei,
Pois a história vem e vai.
Por hora, baixinho direi:
Acho que vai ser papai!



Elischa Dewes________
Leia: " Gambá de estimação - I"